sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Gankutsuou: Atlas do Sol Nascente



Gankutsuou: O Conde de Monte Cristo. Baseado na obra de Alexandre Dumas, Le Pére. Uma das adaptações literárias mais emblemáticas da história dos animes... O que dizer?
É difícil falar de Gankutsuou sem emoção. É uma das séries mais viciantes que foram feitas no mundo A&M. O vanguardismo extremo cheio de texturas irreais: Gravuras aleatórias recortadas, de modo caleidoscópico gravam na mente do indivíduo um estigma profundo. Tal como o ácido lisérgico. Que talvez tenha sido a sua inspiração primeva...

Antes de tudo, devemos explicar o enredo: O autor transpõe o memorável livro de Alexandre Dumas para o século LI. Os Otomanos são transformados em ET's. O oceano em espaço. O Chateau D'If em colônia penal intergaláctica. As fragatas em espaçonaves. Veneza na Lua. Fica patente que tal projeto é uma Aposta de Constantino. Sucesso e desgraça. A bifurcação final. A primeira opção foi magistralmente evitada. Assim surgem as lendas.

Pela sua fonte ser um dos clássicos mais marcantes no imaginário ocidental – Ao menos entre os de relativa instrução, todos ao menos sabem do que se trata -, não há uma extraordinária necessidade de explicar o enredo. Um jovem nobre bondoso e ingênuo chamado Albert de Morcerf vai passar o Carnaval na Lua com o seu melhor amigo Franz d'Epinay.
Lá ambos acabam conhecendo um magnata cuja fortuna e influência parece ilimitada: O Conde de Monte Cristo. Vida e morte estão nas mãos deste enigmático estranho. Sendo Albert raptado, ele é quem irá salvá-lo. Uma soturna amizade é formada. E este ingênuo fidalgo irá causar a própria ruína, introduzindo à elite parisiense este homem cujo objetivo ficou gravado na mente de miríades de milhares de leitores: Vingança.

O velho Alexandre Dumas tentou criar algo que poucos predecessores tiveram coragem de fazer: Catalogar os vícios do mundo que conhecia. Corrupção, sadismo, incesto, homossexualismo, infanticídio e acima de tudo, um oceano de mentiras. Ele o conseguiu de modo sutil como poucos e elegante como nenhum. Gankutsuou prisma a totalidade de tais fatos para um meio pouco afoito a mudanças, especialmente vindas do ocidente. A combinação de gênero, roteiro e visual o colocou na história como um anime absurdamente bizarro, nunca tendo sido nem relativamente popular, por ex
emplo, no Brasil...

A temática futurista é outro papel preponderante em tal adaptação. E ela estigmatiza a mente do telespectador. A ciência e a tecnologia são retratadas de um modo incrivelmente realista para supostos três milênios a frente de nós. Não há os famosos DOS sci-fi de Lengend of Galactic Heroes e Gundam. Nem o recurso a delírios como o transhumanismo e a inteligência artificial “forte”. O que assiste a tal tétrico empreendimento ficará convencido de que no ano 5053 poderá haver computadores holográficos, colônias lunares e uma sociedade tecnofeudal. Por mais difícil que seja unir tais conceitos.

 Enfim: Gankutsuou não é apenas uma adaptação: É recriação. Fiel e inovador. Mágico. O último mergulho em uma saga centenária. Como podemos criar uma originalidade alterando? Como o restaurar renovando? Para uma dúvida não temos resposta, sim no máximo um contraexemplo. O que dizer?