Gankutsuou: O Conde de Monte Cristo.
Baseado na obra de Alexandre Dumas, Le Pére. Uma das
adaptações literárias mais emblemáticas da história dos
animes... O que dizer?
É difícil falar de Gankutsuou sem
emoção. É uma das séries mais viciantes que foram feitas no mundo
A&M. O vanguardismo extremo cheio de texturas irreais: Gravuras
aleatórias recortadas, de modo caleidoscópico gravam na mente do
indivíduo um estigma profundo. Tal como o ácido lisérgico. Que
talvez tenha sido a sua inspiração primeva...
Antes de tudo, devemos explicar o
enredo: O autor transpõe o memorável livro de Alexandre Dumas para
o século LI. Os Otomanos são transformados em ET's. O oceano em
espaço. O Chateau D'If em
colônia penal intergaláctica. As fragatas em espaçonaves.
Veneza na Lua. Fica
patente que tal projeto é
uma Aposta de Constantino.
Sucesso e desgraça. A
bifurcação final. A primeira opção foi magistralmente evitada.
Assim surgem as lendas.
Pela
sua fonte ser um dos clássicos mais marcantes no imaginário
ocidental – Ao menos entre os de relativa instrução, todos ao
menos sabem do que se trata -, não
há uma extraordinária necessidade de explicar o enredo. Um
jovem nobre bondoso e ingênuo chamado Albert de Morcerf vai passar o
Carnaval na Lua com o seu melhor amigo Franz d'Epinay.
Lá ambos acabam
conhecendo um magnata cuja fortuna e influência parece ilimitada: O
Conde de Monte Cristo. Vida e morte estão nas mãos deste enigmático
estranho. Sendo Albert raptado, ele é quem irá salvá-lo. Uma
soturna amizade é formada. E este ingênuo fidalgo irá causar a
própria ruína, introduzindo à elite parisiense este homem cujo
objetivo ficou gravado na mente de miríades de milhares de leitores:
Vingança.
O velho Alexandre
Dumas tentou criar algo que poucos predecessores tiveram coragem de
fazer: Catalogar os vícios do mundo que conhecia. Corrupção,
sadismo, incesto, homossexualismo, infanticídio e acima de tudo, um
oceano de mentiras. Ele o conseguiu de modo sutil como poucos e
elegante como nenhum. Gankutsuou prisma a totalidade de tais fatos
para um meio pouco afoito a mudanças, especialmente vindas do
ocidente. A combinação de gênero, roteiro e visual o colocou na
história como um anime absurdamente bizarro, nunca tendo sido nem
relativamente popular, por ex
emplo, no Brasil...
A temática
futurista é outro papel preponderante em tal adaptação. E ela
estigmatiza a mente do telespectador. A ciência e a tecnologia são
retratadas de um modo incrivelmente realista para supostos três
milênios a frente de nós. Não há os famosos DOS sci-fi de
Lengend of Galactic Heroes e Gundam. Nem o recurso a delírios como o
transhumanismo e a inteligência artificial “forte”. O que
assiste a tal tétrico empreendimento ficará convencido de que no
ano 5053 poderá haver computadores holográficos, colônias lunares
e uma sociedade tecnofeudal. Por mais difícil que seja unir tais
conceitos.
Enfim: Gankutsuou
não é apenas uma adaptação: É recriação. Fiel e inovador.
Mágico. O último mergulho em uma saga centenária. Como podemos
criar uma originalidade alterando? Como o restaurar renovando? Para
uma dúvida não temos resposta, sim no máximo um contraexemplo. O
que dizer?